quinta-feira, 21 de junho de 2018

Banco Internacional Afirma Que Criptomoedas Podem Quebrar Com Maior Demanda

Nós aprendemos que a lógica do mercado é que, quanto mais houver demanda por um produto, mais forte será a procura por ele, o que é meio caminho andado para o sucesso. Segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), entidade global que integra os bancos centrais das nações, a realidade das criptomoedas pode não ser tão simples assim.

Em um relatório anual publicado pelo BIS no último domingo (17), a organização publicou um alerta sobre a possibilidade de uma maior adesão às moedas digitais causarem um colapso da confiança e da eficiência do produto. Apesar da contradição que esse ponto de vista oferece num primeiro olhar, o alerta se baseia no principal medo que ronda as criptos: que a descentralização do controle sobre o valor dos bens digitais causem flutuações capazes de impactar a credibilidade, conferindo fragilidade nos investimentos.
O relatório explica ainda que uma maior procura por transações nessas redes descentralizadas pode sobrecarregar os sistemas e tornar as trocas de informações mais lentas e onerosas. Além desse risco por em cheque a finalidade de pagamentos individuais com criptomoedas, segundo o BIS, pode também significar "que uma criptomoeda pode simplesmente parar de funcionar, resultando em sua perda total de valor".
O chefe de pesquisa do BIS, Hyun Song Shin, em entrevista concedida à Reuters, lembrou que as moedas, digitais ou físicas, só possuem valor devido à adesão de seus usuários. "Sem usuários, seria simplesmente um token sem valor. Isso vale para um pedaço de papel com um rosto impresso ou um token digital". Porém, Song Shin acrescentou que os investidores que mantêm quantias em suas carteiras virtuais o fazem com propósito especulativo, esperando o melhor momento para fazer suas transições de forma a garantir o maior lucro possível. Ele também relembrou o segundo medo mais elencado quando o assunto é o mercado de valores digitais: os altos custos energéticos para que as transações e minerações de criptomoedas ocorram.
Apesar de nenhum Banco Central ter acatado à solicitação até o presente momento, o relatório anual do BIS recomenda que as instituições nacionais repensem os riscos inerentes a criações de moedas digitais próprias.
O Banco de Compensações também bateu na tecla que regulamentações devem ser compartilhadas pelos países de forma global para terem efetividade. O alerta feito no relatório do BIS vem apenas três dias após a Comissão de Valores Imobiliários (SEC, na sigla em inglês), ligada ao governo estadunidense, decretar que as criptomoedas Ethereum não configuram uma forma válida de título financeiro, o que ocasionou uma quase imediata alta de 8% no valor da moeda digital. 
Criptomoedas: olhando além do hype(02:48)
Hyun Song Shin  (Assessor Econômico e Chefe de Pesquisa) fala sobre o Capítulo V do Relatório Econômico Anual de 2018.
O modelo descentralizado de criptomoedas de gerar confiança limita seu potencial para substituir o dinheiro convencional, argumenta o capítulo.
Criptomoedas prometem substituir instituições confiáveis ​​por tecnologia de contabilidade distribuída. No entanto, olhando para além do hype, é difícil identificar um problema econômico específico que eles atualmente resolvem. As transações são lentas e caras, propensas ao congestionamento e não podem ser dimensionadas com a demanda. O consenso descentralizado por trás da tecnologia também é frágil e consome vastas quantidades de energia. Ainda assim, a tecnologia de contabilidade distribuída pode ser promissora em outras aplicações. As respostas políticas precisam evitar abusos enquanto permitem mais experimentações.

Link da página com mais detalhes sobre este relatório : https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2018e5.htm

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